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Descobrindo o Eye Tracking

Atualizado: 16 de jun.

Tecnologia de rastreamento ocular que veio para revolucionar o design de exposições


Sabe aquele senso comum de que os olhos são a janela da alma, ou os olhos comunicam? Hoje tive contato com a tecnologia de Eye Tracking, usando e vendo como funciona um óculos de rastreamento. E não é que o senso comum foi comprovado pela ciência? Em outras palavras, meu caro colega arquiteto, a tecnologia finalmente vem para nos ajudar a interpretar a linguagem silenciosa dos olhos.

Mas afinal, o que é Eye Tracking?


O Eye Tracking, ou rastreamento ocular, é uma tecnologia de ponta que captura e analisa onde e como olhamos para objetos ou cenas visuais. Por meio de sensores especiais, identifica a posição e os movimentos dos olhos, medindo o ponto do olhar e o movimento em relação à cabeça. Esta tecnologia rastreia com precisão os movimentos oculares, fornecendo insights sobre pontos de atenção visual, processamento cognitivo e intenções de comportamento.


Tipos de rastreadores



1. Rastreadores oculares baseados em tela:

São rastreadores menos invasivos, pois são instalados e integrados às telas de computador ou tablet, capturando os movimentos dos olhos enquanto o usuário interage com o dispositivo. Também podem ser remotos e posicionados em um suporte em barra que rastreia o olhar das pessoas em painéis, paredes, banners, expositores, etc.






2. Óculos de rastreamento:

Vestíveis, trazem mais dados que os rastreadores baseados em tela, pois apontam movimentos dos olhos (percurso) nos ambientes, pontos visuais de atenção, pontos visuais de fixação e o comportamento da pessoa conforme ela vai se movimentando.






3. Óculos de realidade virtual e aumentada (VR/AR):

Integrados aos headsets, possibilitam o rastreamento ocular em ambientes virtuais e aumentados, indicando as interações.








Quais dados estes rastreadores nos trazem?

 

A tecnologia de Eye Tracking fornece dados importantes como mapas de calor, que indicam os pontos de atração e desinteresse; pontos focais, aqueles que retêm maior atenção ou tempo; movimento dos olhos, que acompanha o olhar e ajuda a apontar as áreas visuais de interesse ou aquelas que podem gerar confusão. Além disso, algumas tecnologias podem medir a dilatação da pupila, indicando, por exemplo, engajamento emocional ou esforço para compreensão.


Ah, se essa tecnologia fosse mais velha...


Nós arquitetos e designers sustentamos nossos trabalhos em teorias como Gestalt, psicologia das cores, fluxos de visitação e pontos focais. Quando testei os óculos hoje, a memória me surpreendeu. Lembrei do dia em que dei uma palestra e usei o case da Frahm (feira Expomusic de 2012). Expliquei que a ideia era "chegar chegando", pois a empresa estaria bem no meio de seus concorrentes e, naquele ano, seu produto havia sido considerado o melhor do mercado. Até que alguém me perguntou o porquê de tantas vezes o nome do cliente no stand. Respondi que eram os pontos de identificação, afinal estávamos marcando território. Mas 17 logos? E então contamos uma a uma quantas vezes o nome aparecia: 17 vezes!

Claro que conseguimos atingir o objetivo, cliente super satisfeito com um stand super legal e atraente. Mas, quando vesti os óculos, a única coisa que me vinha à mente era, se essa tecnologia existisse naquele tempo, provavelmente não usaríamos tantas logomarcas e seríamos muito mais eficazes com os pontos de atração.


Aplicações do Eye Tracking

 

Há tempos venho observando as tecnologias que podem nos ajudar. Já conhecia os beacons, que medem a atração, por sensores de presença. Também já conhecia (em teoria) esta tecnologias de rastreamento ocular e comecei a acompanhá-las, mesmo que de longe. Vi muitas aplicações do Eye Tracking, baseado em tela, principalmente aplicadas em vitrines, no design de varejo. Mas sempre ficava a questão: como fazer isso em um stand ou um museu? Como rastrear o olhar em uma feira, com excesso de estímulos visuais, com todos os expositores brigando por nossa atenção? E como fica o museu, com o visitante caminhando pela exposição e olhando para tudo?

 

Testando os óculos, percebi que a tecnologia pode entregar mais dados do que eu sabia que poderia entregar. Percebi que integrar o rastreamento ocular à bagagem teórica do arquiteto nos traz insights valiosos sobre como as pessoas percebem e interagem com espaços e exposições.


Os dados do rastreamento ocular podem ser muito úteis para arquitetos e designers de exposições

 


  • O rastreamento da atenção pode identificar se os elementos da exposição seguem princípios que facilitam a percepção e a organização da informação.


  • Os relatórios de fixação ajudam a avaliar a eficácia de técnicas como a criação de pontos focais para direcionar a atenção do visitante e guiá-lo pela narrativa da exposição.


  • Mapas de calor apontam o fluxo de movimento e oferecem insights para compreendermos como os visitantes se locomovem entre as informações visuais, identificando áreas de congestionamento, pontos de interesse e áreas pouco exploradas.


  • Todas as informações auxiliam a otimizar o layout da exposição e reorganizar os elementos expositivos para melhorar a experiência do visitante e aumentar o engajamento com a exposição.


  • A tecnologia aplicada a ambientes virtuais é uma excelente aliada na fase de projeto. É possível personalizar a experiência e criar exposições, antevendo as necessidades da exposição, confrontadas com o interesse dos visitantes. e então, os protótipos em 3D podem ser testados utilizando dados coletados por meio do rastreamento ocular.


Enfim, as tecnologias estão chegando para ajudar arquitetos a combinar os dados com as teorias do design de exposições. Hoje já conseguimos criar espaços expositivos híbridos, que entregam as informações aos visitantes ao mesmo tempo que coletam informações para os arquitetos. Com a popularização destas ferramentas de coleta de dados, nossos projetos se tornarão mais envolventes e eficazes, promovendo uma experiência memorável para os visitantes.


 

Tive contato com os óculos dia 13/06/2024 na disciplina de pós graduação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) Design, Mídia e Inovação Digital. A disciplina é ministrada pelo professor Julio Teixeira, coordenador do Lemme Lab



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