Um dos primeiros museus interativos no Brasil, uma interatividade que mistura elementos tecnológicos e não tecnológicos. A projeção mapeada era inovação quando o museu foi inaugurado então, prepare-se para muitos elementos em projeção!
O Museu do Futebol fica sob as arquibancadas do estádio do Pacaembú e o visitante se envolve com o tema futebol desde a chegada na Praça Charles Miller. Compra ingresso na arquibancada e entra pela fachada de vidro, como se estivesse entrando no estádio.
Diversão, interatividade e a história do povo brasileiro contada pela paixão nacional (Museu do Futebol)
Este é foyer, antes de chegar ao Museu passamos por aqui. São vários objetos de colecionadores, digitalizados e colados nessa parede. Parece um altar de fanático, não acha?
Pena que não existe, nesta parede, alguma forma de linkar com o banco de dados do museu. Seria bem interessante ver o que são estes objetos.
Primeiro você será recebido pelo rei Pelé. É uma tela de LED com um vídeo em looping em que o jogador dá boas vindas em três idiomas.
Depois, passamos por este túnel que tem estas telas de TV à esquerda com imagens de pés carregando bolas de futebol por vários terrenos.
Só então que começa o museu, com a área chamada Anjos Barrocos. Repare que o forro do teto é formados por painéis de tecido e, sobre os painéis, são projetadas imagens de jogadores brasileiros. Como se fossem anjos pairando sobre nossas cabeças.
E agora sim, após a seção, a primeira interatividade!
Cabines de TV e rádio exibem conteúdo áudiovisual. Na parte das TVs, vá munido de celular, pois as telas exibem um QR Code que quando lido, exibe depoimentos de aficionados por futebol que lembram seus momentos marcantes. Dentre os nomes estão atores, comentaristas e repórteres do esporte.
Na parte do rádio, as cabines exibem narração de lances do futebol, nas vozes dos radialistas mais conhecidos na época. Cada cabine é uma frequência e um lance. Veja esse gol do Pelé!
Então, saindo deste ambiente o público passa por uma porta giratória e chega em uma das partes mais interessantes da visita. A sala exaltação fica nos alicerces da arquibancada e exibe vídeos em projeção mapeada. Os vídeos reproduzem os momentos de euforia de grandes torcidas brasileiras e o som alto, aliado ao concreto das estruturas, reverberam por tudo, fazendo o corpo reagir e arrepiar. Se não conhece o espaço, veja o vídeo abaixo.
Saímos dali e chegamos na sala Origens,
o único ambiente onde é possível acessar o banco de dados online. No video ao lado explico como funciona.
A sala lembra um gabinete de curiosidades do séc. XVII, com as paredes forradas de fotos emolduradas em dourado. Fiquei um tempão ali vendo as fotos e procurando no app o que significam.
Quando terminar de ver as fotos, você vai passar por este salão. o formato faz com que pareça um corredor e talvez você passe direto pelos triedros.
São estas estruturas triangulares, dispostas lado a lado e compostas por três faces. Em duas delas são imagens e a terceira face é branca. A peças triangulares ficam girando e formando imagens. Quando a face branca fica exposta, a projeção mapeada exibe vídeos de personalidades do futebol, política e cultura. Se olhar para trás, verá que enquanto no triedro são exibidas as imagens da pessoa, a parede oposto apresenta uma descrição de quem é.
Este é o momento que o museu brinca com os sentimentos do visitante. Primeiro, um túnel com projeção mapeada mostra os principais lances da copa de 1950, quando o Brasil perdeu para o Uruguai no Maracanã.
Depois, uma grande sala mostra as vitórias brasileiras nas copas do mundo. Repare que cada expositor parece uma taça e tem muitos monitores de LED. Os monitores exibem cenas da cultura na época, misturado a imagens dos jogos e gols brasileiros.
Esta parte termina com a exibição das bolas de futebol das copas e a camiseta do Pelé em exposição (aliás, são os únicos elementos materiais da exposição). E você então passará por estas duas estruturas de LED que fazem homenagem ao Pelé e Garrincha
E como a exposição não terminou, agora a interatividade fica na mão do visitante. Conheça as curiosidades e jogadas do futebol, brinque na mesa de pebolim e veja vídeos dos melhores lances. Tudo com o mínimo de tecnologia!
Mas a tecnologia estará presente no último ambiente, lá é uma espécie de clube. É possível agendar para eventos e, em dias de jogos importantes como copa do mundo, o espaço se transforma em um centro de eventos. Tem uma arena com um telão que exibe os vídeos e também dois elementos interativos. Um dos elementos são quadras interativas de futebol, com projeção mapeada e tecnologia kinect. A outra é um jogo de chute a gol que, quando o visitante chuta a bola, a tecnologia calcula a velocidade da bola.
Resultados
No Museu do Futebol o público é um torcedor apaixonado que explora todos os aspectos do seu bem-querer, passando por uma série de emoções. O percurso é marcado pela palpitação na chegada ao estádio e a reverência do foyer-altar, para em seguida, encher-se de orgulho com a recepção do Rei Pelé e a apresentação de seus ídolos do esporte. Mais adiante, o amante encontra os coadjuvantes, que partilham estórias desse mesmo interesse e o levam a se aproximar de seu amor, na sala exaltação. Quando entende seus sentimentos, tal como enamorados, o torcedor é convidado a conhecer a história de seu afeto, seus interesses e determinações. E então, o feliz desfecho do enlace, a partir da interação entre o visitante e o esporte no ambiente Jogo de Corpo.
Se a intenção do museu do futebol é se conectar ao visitante por meio das emoções, é evidente o uso das tecnologias na integração com o espaço, ampliando o alcance sensorial do ambiente.
É preciso lembrar que a expografia apresentada neste museu é do período embrionário dos da integração da tecnologia com a arquitetura e a projeção mapeada, era conhecida como a melhor alternativa para a disseminação de conhecimento. Assim, esta formatação de comunicação aliada à expografia sensorial, que busca conexão por meio dos sentidos, se mostra eficiente.
Logo, considerando o museu interativo como o ambiente onde o conhecimento é cíclico, no Museu do Futebol a disseminação do saber ainda é linear, findando no visitante. Porém, são muitas as oportunidades percebidas, que reforçam o ambiente do Pacaembú como incentivador do esporte e as ações online, para aprofundamento e intercâmbio de saberes.
Corpografia
Este diário faz parte da minha dissertação de mestrado, onde foi usada a técnica chamada de corpografia. Kevin Lync foi um dos pioneiros a tratar dessa técnica que ele chamava de "ponto de vista do observador". Junto com estes relatos e fotos, foram produzidos vários mapas, que resultaram em uma avaliação da experiência aliada ao uso das tecnologias para amplificação da narrativa museal.
LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. Lisboa: Edições 70, 1960.
Dados da Pesquisa
Autoria: Ângela Ferrari (ano 2022)
Dissertação: O uso da Media Architecture na Expografia da Sociedade em Rede: experienciando museus interativos
Orientador: prof. Dr. Márcio Vieira de Souza
Universidade Federal de Santa Catarina
Engenharia e Gestão do Conhecimento (área mídia do conhecimento)
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