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Quando a Arquitetura Conversa com o Público

  • Foto do escritor: Ângela Ferrari
    Ângela Ferrari
  • há 2 dias
  • 6 min de leitura

E o que isso tem a ver com stands, exposições e cidades inteligentes?


Vocês já pararam para pensar em como fazer uma exibição (stand, arquitetura promocional, marca, varejo) ir além de um espaço bonito e funcional, transformando-o em uma experiência que realmente "conversa" com cada visitante? Parece coisa de filme de ficção científica? Pois saibam que existe um universo fascinante de estudos e práticas que está tornando isso cada vez mais real: a Arquitetura-Mídia (alguns chamam de arquitetura aumentada, outros de arquitetura responsiva ou até mesmo Phygital)


Recentemente, tive a alegria de ter um artigo meu sobre esse tema publicado em uma revista acadêmica super conceituada aqui no Brasil. E, como tudo que pesquiso e aprendo, adoro traduzir para o nosso mundo da arquitetura promocional e do design de exposições. Afinal, conhecimento bom é conhecimento compartilhado e, principalmente, aplicado na prática para criar coisas incríveis, não é mesmo?


Então, preparem o café, porque hoje vamos bater um papo sobre como a arquitetura phygital pode revolucionar a forma como pensamos e projetamos stands e exposições!



Mas Afinal, que arquitetura é essa?


Calma, não é nenhum bicho de sete cabeças! De forma bem simples, o nome usado nas pesquisas acadêmicas é Media Architecture (como já sou íntima, chamo de MA) e o marketing vai chamar de phygital. É quando a gente une o design dos espaços com as tecnologias de informação e comunicação (as famosas TICs) para criar ambientes que não são apenas estruturas físicas, mas verdadeiras plataformas de comunicação e conhecimento.


Imaginem que as paredes, o chão, o teto de um lugar – seja uma praça numa cidade ou o seu próximo stand numa feira – podem se tornar interfaces interativas, que contam histórias, que reagem às pessoas, que ensinam e que, acima de tudo, promovem um diálogo. No meu artigo, exploro como a MA pode ser uma poderosa ferramenta que transforma a maneira como interagimos com os espaços e com a informação contida neles.


Das Cidades para os Stands: A Grande Sacada


Agora vocês devem estar se perguntando: "Ok.... interessante para as cidades, mas o que eu tenho a ver com isso?" E aí que está a grande sacada! Os princípios que tornam uma cidade mais inteligente, humana e comunicativa através da arquitetura phygital são totalmente aplicáveis ao universo dos nossos eventos e exposições.


  1. Um stand é um Microambiente Inteligente e Híbrido: Assim como as cidades estão ganhando uma "camada digital", a arquitetura promocional também entrou nesta onda! Já vimos o uso de QR Codes que podem levar para o site da empresa e até desbloquear conteúdos exclusivos. Já pensou em usar Realidade Aumentada que permite ao visitante ver detalhes de um produto que não caberia fisicamente ali no espaço? Já viu aqueles provadores virtuais (telas interativas) que podem coletar feedback em tempo real ou até personalizar a informação mostrada para cada tipo de comprador? O físico e o digital de mãos dadas para enriquecer a experiência!


  2. Engajamento que Vai Além do Toque (A "Participação Ubíqua"): Uma das ideias mais legais da arquitetura aumentada é a "participação ubíqua". Sabe aquela tecnologia que engaja as pessoas mesmo que elas não precisem fazer nada ativamente? É isso! Sensores que mudam a iluminação do espaço conforme mais gente entra, projeções no piso que reagem aos passos dos visitantes... São formas sutis, mas poderosas, de criar uma conexão e tornar o ambiente mais vivo e responsivo.

    projeto Google Maps Hack (Weckert)
    projeto Google Maps Hack (Weckert)

    E falando em influenciar e guiar pessoas, sabia que o artista Weckert, em 2020 usou 99 celulares para simular um congestionamento no Google Maps usando 99 celulares num carrinho sobre uma ponte? Pois é, a ideia de usar a tecnologia para direcionar fluxos é potente. Tanto que aqui no Brasil, uma marca de cerveja fez algo parecido de forma muito criativa: usaram um sistema para "criar" um trânsito fictício em apps de mobilidade, guiando as pessoas para um bar exclusivo montado para uma ativação da marca. Se o marketing pensa, nós arquitetos podemos mostrar como a arquitetura híbrida tem poder de engajamento e direcionamento – e claro, nos faz pensar sobre a criatividade e a responsabilidade ao usar essas ferramentas!


  3. O Espaço que Conta Histórias e Educa: ah! e o pessoal do livemarketing adora este formato de arquitetura que cria cenografias incríveis para as ativações. A maior qualidade da arquitetura phygital é que ela é uma contadora de histórias, ou melhor, ela faz o visitante viver a história (storyliving). Em vez de apenas listar os benefícios de um produto, podemos criar uma narrativa imersiva. Usar projeções mapeadas para contar a história da marca, games interativos que ensinam sobre um serviço de forma lúdica, ou infográficos animados que simplificam dados complexos. O seu projeto pode se tornar um verdadeiro educador, capacitando seus visitantes com conhecimento relevante.


Mas, vamos falar de responsabilidade e ética?


Temos que lembrar que integrar as tecnologias digitais ao design dos espaços, transforma fundamentalmente a natureza da arquitetura. Ele deixa de ser um transmissor unilateral de mensagens para se tornar um "ambiente dinâmico de mediação", onde informações são trocadas, interpretadas e co-criadas entre a marca e o visitante. Cada interação, cada dado coletado, cada conteúdo exibido contribui para um fluxo informacional complexo.

No artigo que escrevi, apresentei o conceito de Cidades MIL, um projeto da Unesco que se preocupa com a formação de cidadãos críticos e capazes de navegar, avaliar e criar informação de forma ética e eficaz. Isso significa que os ambientes (stand, cenografia de ativação de marca e até a vitrine de uma loja) são agora potentes mediadores de conteúdo:


  1. Precisamos considerar como os visitantes consomem e interpretam as informações apresentadas. Eles estão equipados para discernir, questionar e engajar criticamente com as narrativas propostas?

  2. Arquitetos, designers e profissionais de marketing, precisamos assumir um papel de curadores e produtores de conteúdo. Qual a nossa responsabilidade na informação que escolhemos mediar? Como garantimos que ela seja precisa, relevante e eticamente apresentada?


Implicações Éticas e a Responsabilidade do Design

Neste universo de dados, precisamos nos preocupar com as questões de privacidade de dados, o risco de manipulação, a exclusão digital e a saturação informacional.

  • Como utilizamos as informações geradas pelas interações dos visitantes?

  • Nossas experiências tecnológicas são acessíveis a todos ou criam novas barreiras?

  • Estamos contribuindo para um diálogo construtivo ou apenas para o ruído informacional?


A reflexão é clara: "todos somos produtores e mediadores de conteúdo" e isso carrega uma responsabilidade significativa. A arquitetura promocional e o design de exposições não é mais apenas sobre estética e funcionalidade, mas sobre a arquitetura da própria informação e do conhecimento que ele veicula.

Por Que Isso Importa Para o SEU projeto?

Investir em pensar o stand sob a ótica da Media Architecture não é só para deixá-lo "moderninho". Traz resultados bem concretos:


  1. Engajamento nas alturas: Visitantes que interagem e se sentem parte da experiência ficam mais tempo e se conectam mais profundamente com a marca.

  2. Memórias que ficam: Experiências significativas são lembradas por muito mais tempo do que um simples aperto de mão ou um folder.

  3. Comunicação clara e eficaz: A mensagem da sua marca chega de forma mais impactante e fácil de entender.

  4. Insights valiosos: Tecnologias interativas podem gerar dados sobre o comportamento e as preferências do seu público (lembrando sempre da ética e da transparência, hein?).

  5. Destaque-se da multidão: Em uma feira, por exemplo, com um mar de stands parecidos, o seu será o assunto!


Vamos Olhar para o Futuro!


Acredito de verdade que essa abordagem mais inteligente, interativa e humana para o design de exposições é o futuro. É sobre criar espaços que não apenas vendem, mas que constroem relacionamentos, que educam e que inspiram.

Claro, como toda tecnologia, é preciso usar com propósito e consciência. Evitar a "poluição visual tecnológica" e garantir que as soluções sejam inclusivas e respeitem a privacidade dos visitantes são pontos cruciais que também discuto na minha pesquisa.


Espero que essa pequena viagem pelo mundo da arquitetura phygital tenha acendido algumas luzinhas de ideias por aí! Que tal começar a pensar em como seu próximo projeto (stand, exposição, varejo) pode ser mais do que um espaço, mas uma verdadeira experiência de conhecimento e diálogo?


E aí, o que acharam dessas ideias? Como vocês imaginam aplicar um toque de Media Architecture nos seus projetos? Adoraria saber a opinião de vocês nos comentários! E se quiserem mergulhar ainda mais fundo nesse universo, fiquem de olho aqui no blog, porque esse é só o começo da nossa conversa sobre o futuro das exposições! Ah, confira o artigo (acadêmico) completo neste link


Um abraço e até a próxima



Referências:


 
 
 

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