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Visitando o Musehum

Já conhece um dos museus mais recentes do Brasil? Conheça o Musehum por dentro!


O museu das Telecomunicações mudou de nome, hoje é Museu das Comunicações e Humanidades e fica no prédio da antiga empresa telefônica Telemar. É gerenciado pela fundação Oi Futuro, que por sua vez é mantida pela empresa Oi.

Este museu busca falar do futuro, mostrando o passado e a narrativa está nas relações humanas, entendendo que não basta falar de tecnologia sem tratar da troca de afetos e conhecimentos que motiva as conexões e as redes. (Musehum)

O acervo desse museu tem mais de 13mil objetos e a exposição apresenta cerca de 400 peças em vitrines e nichos. Essa aí é uma das vitrines do acesso à sala principal. Fiquei feito criança tentando descobrir o ano de cada um desses telefones.

Mas, antes de chegar aí, o visitante precisa subir 5 lances de escada, pois o museu está no 6o nível do Centro Cultural Oi Futuro. Enquanto vamos subindo, passamos por várias galerias (uma por lance) com exposições temporárias.


Depois de subir metade dessas escadas aí, você verá este móvel aí. É um conjunto de nichos com fotos e objetos da Telemar, como uniformes e ferramentas. Quem gosta de objetos históricos vai perder um tempinho aí. Mas eu não podia perder tempo, não. Por causa da pandemia o tempo era controlado e eu tinha 1hora e meia para visitar tudo


Então, no último lance de escada você encontra esta fachada aqui. A única diferença é que, por causa das regras da pandemia foram instalados barreiras e então uma porta entra e a outra sai. Uma das regras sugeridas pelo Ibram é que os museus adotassem fluxo contínuo, ou seja, uma entrada e uma saída.


Uma coisa interessante é este efeito aqui na entrada do museu: o corredor forma uma perspectiva cônica, e o olho vai direto para a vitrine ali no fundo. Esta vendo a parte preta ali? São telas touch, que exibem o acervo digitalizado e as imagens em movimento. Então, junte isso com o foco formado pelo corredor e o olho vai grudar na tela! (inspiração para o próximo projeto!)


As laterais do corredor são formadas por vitrines. Uma delas é aquela dos telefones antigos. Lembra que coloquei que fiquei um tempão tentando descobrir a data do telefone? Isso eu senti falta aí nesse museu, não tem nenhuma identificação na maioria das peças. Logo, você não sabe o que é o objeto, ano, nadinha. O museu até tem um aplicativo que leva ao bando de dados virtual. Achei que estaria integrado à exposição, por exemplo, um número na vitrine levaria a uma explicação no app. Mas não foi isso que aconteceu.


Então, seguindo em frente....


, Quando você entra no museu, descobre que:

  1. ele é pequeno, ocupa uma sala só

  2. parece um túnel futurista, olha o piso branco brilhante, as vitrines super iluminadas e no teto tem uma luz de led horizontal

  3. os quase 400 objetos estão nessa vitrine aí, cada nicho abriga várias peças, algumas expostas por similaridade


Entre um nicho e outro essa estrutura preta sustenta as telas da atração "Janelas Digitais", é aqui que está o acervo digital. Ou seja, as mais de 13 mil peças foram digitalizadas. Se você se cansar de ficar procurando a peça aí nestas telas, vá para o site do museu. Lá é bem mais completo, tem a opção de filtros e as informações são bem detalhadas. Aqui nas telas é mais resumido (óbvio, né?), afinal museu não é catálogo para você ficar lendo. Ele está ali para despertar seu interesse. Por isso, aqui também senti falta de uma identificação da peça, para procurar depois sobre sua historia.


Mais uma vez, se você gosta de objetos históricos, vai ficar um tempão ali. Fui com um amigo e foi pura nostalgia! Era um tal de "tinha um rádio desses no meu avô" ou "eu usava este tipo de telefone público na escola, este outro ficava na minha, este preto no clube... "

E se ali foi uma viagem ao passado, você precisa conhecer a experiência "Dobras no Tempo". Numa das pontas da sala tem duas poltronas, importante lembrar, elas são giratórias. É que você vai usar um óculos de realidade virtual, sentar numa dessas poltronas e viajar para aproximadamente o ano de 1920. Após uma luz, a imagem que você vê é da mesma sala, porém toda em madeira, com uma escrivaninha na sua frente e cabines de telefonistas no lugar daquela estante expositora. Imagens antigas e áudios gravados daquela época levam o visitante a acompanhar um dia na sala das telefonistas. O vídeo é o máximo! Pena que você tem que esperar o amigo usar para então comentar.



Mas o espaço seguinte você não fará sozinho (aliás, não tem graça sozinho), pois a "Roda" é a sala mais interessante desse museu. Antes de entrar você e seus amigos deixam seus nomes em um tablet e junto, seu numero de redes sociais e quantos amigos ou seguidores em média em cada uma.


A inteligência artificial pega seus dados e dos seus amigos e cria estes efeitos de luz em cima de cada um. Assim, a sala toda revestida de espelhos multiplica as imagens e parece que todos ali na sala estão no meio de uma multidão. As luzes se expandem, contraem e formam as iniciais de quem está na sala, depois se juntam às luzes dos amigos e se misturam. Enquanto isso, o áudio vai narrando sobre a importância das redes sociais e como estamos conectados uns aos outros. Enfim, a experiência consegue ilustrar toda a teoria da sociedade em rede (CASTELLS)




Então, a visita termina no voo virtual de balão, mais uma ação em realidade virtual. Coloque os óculos, pegue a luneta e suba no cesto do balão. A Biguá começa a te chamar e você fica procurando de onde vem a voz. Então a ave azul aparece na sua frente, te mostra os bastidores do museu e te pede para acionar a alavanca. O balão sobe enquanto sua companheira vai descrevendo o que você está vendo. Enquanto o balão sobrevoa o bairro do Flamengo (onde fica o museu), o visitante pode vasculhar os pontos turísticos com a luneta. Um pouquinho antes de voltar, o vídeo te mostra toda a rede de comunicação do Rio de Janeiro.


Você também pode fazere a visita virtual na sala principal do Musehum (clique aqui)



Resultados

A exploração também determina a jornada e o protagonista encara o papel de um arqueólogo viajante no tempo, onde a expografia preocupa-se em contextualizar a narrativa, podendo ser retratada como como uma linha do tempo com portais para o passado e futuro. Como toda viagem no tempo o percurso é marcado por saltos entre uma experiência e outra, que se desdobra em pequenos arcos de novas histórias, resultantes das escolhas individuais.

O museu é como um clube e uma parte integrante das atividades do centro cultural, atraindo o público na visitação ao espaço. O espaço estabelece uma conexão emocional com o público oferecendo as experiências sensoriais e permitindo a formação de novas memórias. Assim, o museu permite a constituição de uma experiencia completa a partir da tríade de ações: (1) conhecimento e assimilação das atividades do museu na visita virtual; (2) experimentação no ambiente real; (3) retorno ao conteúdo no acervo digital.

Em resumo, o espaço do museu é fruição e entretenimento, enquanto as informações e o aprendizado acontece no museu virtual.


Corpografia


Este diário faz parte da minha dissertação de mestrado, onde foi usada a técnica chamada de corpografia. Kevin Lync foi um dos pioneiros a tratar dessa técnica que ele chamava de "ponto de vista do observador". Junto com estes relatos e fotos, foram produzidos vários mapas, que resultaram em uma avaliação da experiência aliada ao uso das tecnologias para amplificação da narrativa museal.


CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 8a edição ed. Rio de Janeiro: Editora Paz & Terra, 1999.

LYNCH, Kevin. A Imagem da Cidade. Lisboa: Edições 70, 1960.

 

Dados da Pesquisa

Autoria: Ângela Ferrari (ano 2022)

Dissertação: O uso da Media Architecture na Expografia da Sociedade em Rede: experienciando museus interativos

Orientador: prof. Dr. Márcio Vieira de Souza


Universidade Federal de Santa Catarina

Engenharia e Gestão do Conhecimento (área mídia do conhecimento)


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